Uma estação considerada por mim comum, inteiramente parte do meu cotidiano. Nada me assustava muito, apesar de o fato de eu estar a descrevendo agora ser justamente conseqüencia de como a figura dela me fascina agora acordado. Eu saía da minha casa e ia até a estação. Da estação eu tinha acesso ao mundo inteiro. O mundo não é a minha casa. Minha casa é só a minha origem, isso não é nada. O mundo também não é a estação. O mundo está completamente dentro da estação, no meio, provavelmente. Ela é quadrada, com plataformas na periferia.
A estação tinha alguns personagens interessantes. E nem todos eu vou descrever nesse parágrafo não. Existia uma voz masculina com um ar onisciente, divino mesmo. Eu deduzia que ela me conhecia, porque eu estava sempre ali, e porque às vezes ela falava comigo e dizia meu nome (meu nome, Avan). Tinha uma menina, que gostava muito de mim. Eu percebia por como ela falava comigo. Eu percebia a presença dela assim que eu chegava na plataforma onde eu esperava o trem. Ela ficava sempre na parte de fora, escura, com imagem embassada cortada por aqueles metais amarelos que te impedem de entram pela saída, falando comigo qualquer coisas enquanto eu ainda estava na parte da plataforma perto da entrada. Um dia eu resolvi olhar diretamente pra ela e enxerguei ela mais ou menos. Era bem morena (nao negra, eu acho) e usava aparelho. Simpática, mas nao atraente. Ela me perguntava coisas como o que eu fazia da vida e me elogiava sempre que eu passava.
Nesse dia (no dia que resolvi olhar pra menina), depois que fiquei esperando o trem durante algum tempo, a tal menina e suas amigas entraram na estação. Nao lembro mais da menina em específico, só de um grupo de meninas muito simpáticas. Um trem especial chegou. Ele tinha um vagão só, completamente cheio de bancos. Ele ia pra onde eu estava destinado a ir, mas tinha poucos lugares, e umas meninas desconhecidas que estavam mais perto do mini-trem ainda o ocuparam mais ainda. As meninas que estavam comigo gostavam de mim e queriam que eu fosse no trem com elas. Eu ia no mini, mas elas me zuavam e pediam pra eu esperar pelo delas, e eu cedi.
Não lembro da viagem, mas eu estava lá, no mundo. No meio da estação. Era um prédio estranho, velho, muito cheio de portas. Parecia ser um prédio pequeno, mas nao sabia onde acabava. Quando eu abria as portas eu via sempre uma coisa bizarra. Em uma das portas havia um homem assistindo a uma imagem na parede, mas na altura do chão. A imagem se movia e tinha partes que eram buracos, por onde se via a estação. O homem assistia aos movimentos da imagem que se repetiam sempre. Quando eu entrei, o homem comentou a imagem e falou o quanto aquilo lhe era interessante.
Em outra porta, a coisa era mais bizarra ainda. Eram várias cadeiras, assim enfileiradas como em cinema: atrás alto, e ia descendo como uma escada de cadeiras, até a parte da frente mais baixa. Todas as cadeiras estavam ocupadas por anões carecas. Alguns usavam chapéus. Era uma barulheira só e eles se mexiam muito, apesar de não saírem de seus lugares. Eles tinham a careca bem reta, e a bunda também, de modo que em pé eles seriam bem retangulares mesmo. Um deles não parecia ter assento. Ele pulava de cabeça em cabeça dos outros anões, da seguinte forma: ele sentava na cabeça de um anão, e depois se apoiava com a cabeça na cabeça de outro, ficando de cabeça pra baixo, e depois sentando em outro, e assim indo. Ele fazia um caminho aleatório por cima dos anões. Mas, no final, ele passou por todos os anões sem fazer repetições, até que no final ele ficou em cima do primeiro anão do trajeto. Foi quando os anões acharam o fato curioso, pq isso nao precisava acontecer. Acho q deram o nome ao fato de "A Volta ao Mundo". Achei engraçado, e fechei a porta depois de ver isso tudo, que, apesar de ter levado bastante pra ser explicado aqui, foi bem rápido.
Voltei àquela primeira porta, e, como queria sair daquele prédio e ir de volta pra estação, resolvi optar por passar pelos buracos da imagem q se movia perto do chão. Era uma forma meio clandestina, mas mais rápida, de sair dali e ir direto pra estação. Quando meu corpo estava pela metade pra fora, a imagem parou e me deixou preso. Era o sistema de segurança da estação que travava tudo. Mas consegui sair e cair na estação.
Eu queria logo sair dali pra ir pra casa, mas todas as formas "práticas" de sair da estação (que incluia pular da plataforma e andar pelos trilhos rapidinho) estavam sendo gradativamente impossibilitadas por grades que saíam de dentro das estruturas da estação, que me impediam de pular da plataforma. Desisti de usar os meus métodos clandestinos, as grades tinham sido mais rápidas que eu. Fiquei ali em pé então esperando o trem. Com frio, cruzei os braços. A voz que mencionei lá em cima pareceu ter percebido e disse: "Por que você não chega cedo na loja em que comprou essas meias?". Nesse momento eu ainda via todas as plataformas sendo contornadas por grades que surgiam meio que do nada. Algumas plataformas tb surgiam no meio da estação, onde não havia plataforma antes. Em uma delas, bem lá no meião (e isso era meio longe), existia um banco, com um homem de preto sentado. Ele vestia um chapéu preto que deixava uma sombra sobre seu rosto. Ele sentava, parado, e a figura dele me assutava um pouco.
***
(Isso foi um sonho que eu tive no dia 16.10.2006, escrevi logo depois de acordar, e quis postar aqui pra que ele não fosse só um txt jogado no meu pc. Escrevi do jeito que achei melhor na hora, pouco me importando com o português e não reli pra postar, já que não me via no direito de editar, pra manter o texto do jeito que eu fiz quando acordei.)
domingo, 22 de abril de 2007
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